Protecionismo não deve salvar empregos condenados por robôs

A concorrência real pelos empregos industriais perdidos em muitos países industrializados é digital, não humana.

O comércio global pode estar em expansão, mas o membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu, Benoît Coeuré, não acredita que possa retornar aos níveis anteriores à crise. Nem mesmo com a ajuda de políticas protecionistas.

E a culpa é dos robôs.

Com a ascensão da automação, as empresas relutam mais em procurar mão de obra mais barata pelo mundo, o que antes ajudava a levar os países pobres ao comércio global. Com essa tendência, a concorrência real pelos empregos industriais perdidos em muitos países industrializados é digital, não humana.

“Em resumo, se os robôs puderem entregar a mesma produção a um custo menor, com maior eficiência e mais perto do consumidor, as empresas podem ter menos motivos para espalhar a produção por outros países”, disse Coeuré, em discurso em Escópia, na Macedônia.

“Em outras palavras, os robôs poderiam virar as cadeias de valor globais de ponta-cabeça e fazer as empresas reconsiderarem as práticas de deslocalização.”

O processo já está em andamento. Coeuré citou pesquisa da Boston Consulting Group que mostrou que mais de 70 por cento dos altos executivos industriais dos EUA acreditam que a robótica melhora os aspectos econômicos da produção local.

Inovações como impressoras 3D, carros com direção autônoma e computação cognitiva sugerem que a “marcha das máquinas” pode tornar uma parte notável do comércio industrial global redundante, disse Coeuré.

Além disso, políticas isolacionistas para proteger os mercados domésticos provavelmente não resolverão o problema. Isto é um mau presságio para campanhas como a America First do presidente dos EUA, Donald Trump.

“Com a automação, é pouco provável que políticas protecionistas com o objetivo de evitar — e reverter — perdas de empregos por trabalhadores de baixa qualificação na manufatura alcancem seu objetivo”, disse Coeuré.

O conselho dele: ajudar novos setores a desenvolverem e a se concentrarem nos serviços, que já respondem por dois terços do produto interno bruto global e dos empregos, e que são setores fundamentais para o crescimento.

 

 

 

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