Humildade: A Melhor Prática Corporativa
A arrogância humana sofreu ao longo da história golpes contundentes. Galileu tirou a Terra do centro do universo, não meramente físico e astronômico, mas do centro da noção de que nós seres humanos teríamos o universo todo gravitando ao nosso redor. Darwin questionou as bases de que os seres humanos fossem o centro da criação, submetendo-nos ao conjunto de um processo evolutivo onde nossos “parentes” animais, vegetais e minerais tornam-se condição sine qua non da nossa momentânea superioridade. Freud lançou as bases que permitiram compreender que não somos senhores sequer de nós mesmos, uma vez que o inconsciente é protagonista de fenômenos complexos que alteram o exercício do nosso livre arbítrio. Gandhi praticando ahimsa (a resistência pacífica – não violência) derrotou o poder inglês. Jesus Cristo apresentou como Caminho, Verdade e Vida o Amor que compreende, auxilia, perdoa e ajuda sempre, provando ser a Vida maior que a morte.
E no meio corporativo, teriam sido assimiladas e absorvidas as lições da humildade?
Ainda é frequente encontrarmos pessoas que confundem humidade com servidão e subserviência. Humildade é frequentemente, apontada como falta de coragem e baixa autoestima. A atitude não humilde, uma certa arrogância, embora seja, nitidamente, percebida como um entrave ao relacionamento interpessoal, é valorizada pelos pares não envolvidos “no conflito” como uma representação de desejos contidos de enfrentamento a atitudes, ideias e autoridades impostas. É natural…
O equívoco é confundir a atitude humilde de quem, longe de possuir a certeza de quem detém a ampla visão das coisas, busca apreender o todo e aprender com todos. Alguém que não pretende dar ou receber “carteiradas” psicológicas de nenhuma espécie, para obter ou oferecer respeito ou “obediência”, é humilde sem ser, necessariamente, subserviente ou vassalo de qualquer espécie.
Devemos entender a humildade como uma liga psicológica e social que nos permite relacionar com os outros com base no que, essencialmente, somos e não com o que circunstancialmente possuímos (um cargo, por exemplo).
Daí a dificuldade de muitos gestores e líderes em conviverem com a geração Y e subsequentes. Esta gerações não herdaram o puxa-saquismo de algumas anteriores e sua noção de liderança está ligada a admiração. Sem admiração o nível de contestação será sempre maior. Trata-se de uma geração que cresceu expondo seus pontos de vista, doa a quem doer… Claro que um certo verniz social agregaria muito a esta qualidade, que desprovida dele torna-se demasiado ácida e áspera em determinados momentos, mas ela presta-nos um grande serviço ao desmitificar mitos criados pelo distanciamento de um falso respeito que não era respeito de fato, mas medo.
É necessário possuir a verdadeira humildade para escutar críticas provenientes de pessoas com menor história e experiência que você, mas nem por isso dotadas de menor visão e inteligência.
O exercício da verdadeira humildade, aquela que compreende que muitos dos privilégios que dispomos hoje são fruto, não somente do nosso talento, mas também, das circunstâncias e votos de confiança que recebemos, nos torna mais amáveis com todos os outros que, com talento menor, igual ou superior ao nosso, mesmo em ensaios de meritocracia, ainda não puderam estar submetidos a iguais ou melhores condições que as que nos concederam liderança ou destaque.
Para muitos, a “Terra de si mesmo” continua gravitando no centro do Universo, acreditando-se criados prontos. Não respeitam todos os seres e processos que o conduziram à primazia atual e por isso não se solidarizam com os que estão no início da “cadeia evolutiva” auxiliando-as a caminhar mais rápido. Para estes que acreditam que são senhores de sua razão infalível, sem dar-se conta dos mecanismos complexos de um inconsciente repleto de medos, inferioridades, frustrações e neuroses, agir de maneira arrogante será sempre um disfarce, evidente para os outros mas oculto a si mesmo, de que o único remédio é a humildade verdadeira.
A humildade é a melhor prática corporativa, a única que permite real trabalho em equipe, tudo mais são grupos disfarçados em equipes, conjuntos de egos individualistas que até atingem metas e resultados consideráveis, mas ao custo de minar os alicerces da sustentabilidade.
Ao abandonar os disfarces de superioridade e aprender a apreciar a singularidade de cada ser humano, uma empresa passa a possuir o direito de dizer: As pessoas são nosso maior capital! O resto é discurso.
Por Carlos Hilsdorf
Economista, pós-graduado em Marketing pela FGV, consultor e pesquisador do comportamento humano. Considerado um dos melhores palestrantes do Brasil na atualidade. Palestrante dos Congressos Mundiais de Administração (Alemanha e Itália) e do Fórum Internacional de Administração (México). Autor dos best sellers Atitudes Vencedoras, apontado como uma das 5 melhores obras do gênero, 51 Atitudes Essenciais para Vencer na Vida e na Carreira, Revolucione Seus Negócios e do lançamento Atitudes Empreendedoras. Referência nacional em desenvolvimento humano.