Cooperativismo de crédito ainda engatinha no Brasil, mas cresce mesmo em épocas de crise

Foi em dezembro de 1902 que esta história começou por aqui, sempre com  foco no campo. Diante da dificuldade financeira enfrentada por agricultores (a maioria imigrante) que moravam na região conhecida hoje como Linha Imperial, no Rio Grande do Sul, a ideia de criar uma maneira de “juntar dinheiro para emprestar aos agricultores” tomou forma e rompeu as barreiras da desconfiança natural do ser humano diante das ideias novas. Sob a “coordenação” do padre Theodor Amstad, um suíço que viu na Europa o nascimento com sucesso do cooperativismo de crédito, era criada a “Caixa de Economias e Empréstimos Amstad”.

A iniciativa entraria para a história não apenas do Brasil. Afinal, tratava-se da primeira cooperativa de crédito de toda a América Latina! Aliás, quem passa pelo município de Nova Petrópolis (em Linha Imperial) pode conhecer os detalhes deste capítulo envolvente da nossa história. A casa que abriga a primeira sede própria da cooperativa – mais tarde batizada como Sicredi Pioneira – foi transformada em um memorial recheado com documentos, equipamentos, fotos e, principalmente,  muita emoção e energia positiva expressas nos relatos de quem consegue transportar o turista àquela época.

No município que virou símbolo do cooperativismo de crédito no Brasil, a sede atual da Sicredi Pioneira fica em frente a uma praça que também dá destaque a este modelo econômico. Em lugar de destaque, está uma bela obra de arte comemorativa ao primeiro centenário do cooperativismo de crédito no país.

E é em frente a esta homenagem que um homem apaixonado pela força do cooperativismo e das transformações sociais que ele é capaz de promover reforça suas convicções e pensamentos sobre o tema. Em uma breve entrevista ao Blog do Canal Rural Mato Grosso, Mário José Konzen (atual vice-presidente da Sicredi Pioneira) deixa claro o tamanho da sua crença no poder da soma de esforços.

A “viagem no tempo” proporcionada pela visita ao interior do Rio Grande do Sul nos faz perceber o quanto as raízes do cooperativismo são profundas e capazes de sustentar uma árvore frondosa que não para de crescer. Os números do presente, aliás, comprovam isso. Mesmo em anos de crise o cooperativismo de crédito avança a passos largos no Brasil.

Existem atualmente 967 cooperativas de crédito no país. Juntas, possuem nada menos que 9,6 milhões de associados, segundo o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (Bacen 2017), o que representa um crescimento de 8% com relação ao ano anterior. Fisicamente, as cooperativas estão presentes em quase metade dos municípios brasileiros e, detém juntas, a maior rede do Sistema Financeiro Nacional (SFN) com quase 5 mil pontos de atendimento. No ano passado, o volume de ativos totais chegava a R$ 178,5 bilhões.

Chefe do departamento de supervisão de cooperativas e de instituições não-bancárias do Banco Central, Harold Espínola atribui a expansão do cooperativismo de crédito – mesmo em anos difíceis – à sua presença mais próxima das comunidades, especialmente àquelas em que a produção de alimentos é a mola propulsora.

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