Mulheres de negócio: Inspire-se com a história de quem se tornou líder

Pouco mais de 30% dos líderes das empresas são mulheres. Juliana Freitas se tornou CEO da Fortbrasil e quer encorajar outras empreendedoras a fazer o mesmo.

A cena se repete em várias mesas de reunião do mundo. De um grupo de 10 executivos debatendo uma grande decisão da empresa, apenas duas mulheres ocupam as cadeiras e participam da conversa. Juliana Freitas, CEO da Fortbrasil, empresa que oferece produtos financeiros para as classes C e D, é uma das mulheres que participam desse tipo de reunião. E pelo que ela vê nas reuniões que frequenta, o número de mulheres em cargos de liderança não vem crescendo como deveria.

O que as salas de reunião mostram as estatísticas confirmam. Segundo o relatório de Scale-Ups de 2015, pouco mais de 30% dos líderes das empresas que mais crescem são mulheres.

As razões por trás desse número são as mais variadas. Na visão de Juliana, que é Empreendedora Endeavor, o ambiente hostil e a falta de empoderamento desencorajam as mulheres a ocuparem cargos de liderança e, por consequência, serem donas de negócios. “Temos que começar a educar as crianças de maneira diferente. A família tem papel fundamental: se você tem um casal de filhos e fala para a menina que ela tem que casar e para o menino que ele tem que tocar os negócios, a menina não terá o mesmo sonho de empreender”, explica ela.

Na trajetória de Juliana, ela é a exceção à própria regra. Apesar de ser a irmã caçula, conquistou o desafio de ser a presidente da Fortbrasil, empresa que lidera ao lado do irmão Marcelo Filho e do sócio José Neto.

O encorajamento vem de berço

Foi a inspiração de sua avó, de espírito guerreiro e empreendedor desde sempre, que fez Juliana enxergar um futuro de protagonismo no mundo dos negócios. Ela fazia vestidos de noiva de alta-costura e se viu obrigada a criar os filhos sozinha, quando ficou viúva. Arregaçou as mangas, construiu a própria casa e deu aos filhos oportunidade de crescer.

Mesmo aos 90 anos de idade ainda visitava comunidades da região onde morava para ajudar com trabalho social. Um exemplo tão vivo e tão perto do dia a dia de Juliana a fez entender na prática o significado da palavra empoderamento.

O mito de que é impossível equilibrar vida pessoal e profissional, na visão de Juliana, desencoraja muitas mulheres a perseguir cargos mais altos em uma organização. Esse balanceamento entre os dois mundos não é tarefa fácil, confessa. Principalmente assumindo um cargo de responsabilidade em que folgas ou tempo livre são artigos de luxo. Com as responsabilidades de CEO que Juliana tem hoje, mesmo longe da empresa, as ideias, decisões e preocupações a acompanham por todo lugar a que vai. Faz parte do jogo.

“É fundamental ter o apoio das pessoas que estão ao seu lado. Vida de empreendedora é um trabalho de 24 horas por dia. Você acaba levando os problemas para onde quer que vá e, nessas horas, a família é fundamental para o equilíbrio diário”, afirma Juliana.

Projeto Maternidade

Essa dedicação integral ao sonho de construir uma empresa de impacto fez Juliana adiar o sonho da maternidade. Hoje, aos 38 anos, sentiu que chegou a hora de construir sua própria família. Mesmo com a Fortbrasil vivendo em um ritmo acelerado, de crescimento acima de 50% ao ano, não dá mais para adiar.

“É preciso saber o momento certo para ter um filho. Vejo ao meu redor exemplos de pessoas que são bem-sucedidas e também tiveram muitos filhos, como a própria Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza”, mostra ela.

Se existe um receio que todo empreendedor tem é o de se ausentar da operação e tudo sair do controle sem a sua presença. Mas, para lidar com esse fantasma, Juliana já tem tudo planejado. Nos primeiros meses do ano, ela quer trabalhar com o que chama de presença remota muito próxima. Pretende ficar perto das decisões que importam, enquanto organiza a nova rotina de casa.

Se tem uma coisa que mulher sabe fazer muito bem é ser multitarefa. E essa é a habilidade mais importante para quem é CEO.

Crescer e fazer os outros crescerem junto

Para Juliana, um dos maiores desafios das mulheres que empreendem é saber o que e quando delegar. A empreendedora tem que estar junto, treinar a equipe e o mais importante, abrir espaço para o erro. Muitos empreendedores não conseguem distribuir tarefas porque acreditam que fazem melhor e nunca querem que algo saia errado.

Quando a empresa é menor, os empreendedores ficam preocupados com a aceitação do produto. Agora, na fase de crescimento mais acelerado, o desafio é com a gestão, a cultura e outras preocupações menos táticas que conectam a estratégia com o sonho grande. Para isso, a líder que está à frente de um negócio precisa formar equipes empreendedoras. Se preocupar em formar outras lideranças com gente ao seu redor sonhando junto.

Mesmo com tantas responsabilidades, Juliana também se permite ter alguns “hobbies”. Pode parecer estranho, mas quando você vive rodeada por decisões mais estratégicas, olhar de perto a operação da empresa pode ser motivo de lazer. Quando se dá conta, a empreendedora já está com a tela do Analytics aberta para olhar os números do mês — tarefa que poderia ser de um funcionário.

Liderança feminina e cultura da igualdade

Nessa jornada de delegar e contar mais com o time, Juliana fala que sua maior felicidade foi encontrar mulheres que hoje são seu braço direito. “Sinto que meu papel é de empoderar as mulheres para que elas se sintam capazes e encorajadas a assumirem cargos de liderança dentro da companhia”, diz ela.

Essa mentalidade passa por flexibilizar alguns padrões e rever as relações de trabalho. Quando o assunto é maternidade, por exemplo, Juliana conta que é preciso encontrar novos caminhos para manter as profissionais engajadas. Uma funcionária, por exemplo, que acabou de ganhar bebê está vivendo a primeira experiência de home office integral da Fortbrasil. “Não queremos perdê-la porque ela é parte fundamental do time, então acompanhamos remotamente o seu desenvolvimento e ela participa com a gente das reuniões semanais”, explica.

Mas essa preocupação com o funcionário não se restringe apenas às mulheres. Para criar uma cultura igualitária, não existem políticas específicas para mulheres, essa é parte natural do cuidado que as lideranças têm com o bem-estar e a vida de cada um do time. Um bom exemplo disso é um gestor da empresa que é pai e sentia a necessidade de se reaproximar da filha. Desde então, ele tira um dia da semana para passar um tempo extra com a família e cultivar os laços de paternidade.

Essas histórias ilustram o que Juliana acredita ser um dos valores mais latentes da empresa: o respeito ao ser humano, independentemente do gênero ou orientação sexual. “É muito importante para a felicidade das pessoas estar no trabalho e se sentirem livres, ser quem elas são de verdade. Na Fortbrasil, os sonhos são grandes e por isso que é tão importante compartilharmos em um ambiente onde podemos ser livres”, afirma.

O empoderamento vai além

Quando pensa em seu legado como empreendedora e na biografia que escreve a cada dia, Juliana tem orgulho de contar que trabalha para impactar não só suas funcionárias, mas também suas clientes.

“Hoje, 70% dos nossos clientes, são mulheres das classes C e D. Estamos empoderando essas clientes por meio das soluções de crédito que oferecemos para que elas tenham independência financeira”, explica.

Conteúdo produzido em parceria com a Endeavor Brasil

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